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DEMOCRACIA DO DINHEIRO

Diego Reis e Fernando Zago criaram o Banco Afro, fintech social que fortalece negócios desenvolvidos por pessoas negras e indígenas

POR RAFAELA FREITAS

Diego Reis, 32 anos, nasceu em uma família de funcionários públicos que desejava o mesmo futuro para ele, mas sua vontade sempre foi empreender. Especialista em segurança da informação, Reis fundou sua primeira empresa na área de montagem e manutenção de computadores, que se ampliou e deu espaço a novos negócios, como uma rede de cybercafés. Contudo, mesmo com esforço, o empreendedor enfrentava dificuldades para acessar serviços oferecidos pelos bancos tradicionais. “Eu comecei a entender a lógica do racismo quando tentei ter acesso a crédito. Outras pessoas, com empresas que faturavam menos, passavam por uma dinâmica muito mais rápida”, conta. Daí veio o Banco Afro. A fintech busca ser uma facilitadora para empresas, empreendedores e profissionais autônomos, oferecendo acesso a crédito, sistemas de gestão e um espaço para divulgação de produtos e serviços.

O negócio surgiu quando Reis liderava o Coletivo Afroempreendedor, que tinha como intuito fomentar o Black Money. “Independentemente do que a gente fizesse, sempre dávamos de cara com o lado financeiro. De abertura de conta até acesso a capital, tudo era complicado”, conta. Reis conheceu o sócio, Fernando Zago, 36 anos, em um evento de aceleração de startups. Juntos, colocaram a operação em prática em 2019 – hoje, a formação societária conta também com Erick Francis, 32 anos. A instituição roda no azul desde o seu segundo mês de atuação e, em 2022, o crescimento mensal de transações feitas no banco está na média de 70%. Segundo os fundadores, porém, o intuito do banco é ser mais que uma instituição financeira, focando no aspecto social. “Encaramos a tecnologia bancária como commodity, e a utilizamos como instrumental, não como fim transformador da sociedade”, explica Zago.

O Banco Afro entra como parceiro de projetos sociais e oferece apoio tecnológico para a gestão, além de empréstimos, cashback e rentabilidade compartilhada. As iniciativas incluem a Marcenaria do Bem, fomentada por um instituto em que os alunos doam os móveis produzidos – e que já movimentou quase R$ 3 milhões –, e a comunidade de motoboys Trampay. O negócio também conta com projetos próprios, como o Liberto Benefícios, pelo qual empresas podem disponibilizar benefícios aos colaboradores diretamente na carteira do banco, permitindo que eles gastem os valores como preferirem, por meio de Pix, boleto ou cartão.

Qualquer um pode abrir uma conta no Banco Afro, e o empreendedor recebe acesso ao Shop Afro, espaço dentro do aplicativo para a criação de uma loja gratuita, um sistema de gestão com dashboards para visão estratégica e disponibilização de recursos, além de fácil acesso a crédito. Para os próximos meses, o objetivo é captar investimentos para expandir o negócio. A longo prazo, os fundadores planejam atuar no continente africano, com foco na Costa do Marfim e em países de língua portuguesa.

SUMÁRIO

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2022-07-28T07:00:00.0000000Z

2022-07-28T07:00:00.0000000Z

https://revistapegn.pressreader.com/article/281492165065507

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