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“Existe uma injustiça que não podemos aceitar mais”

Na entrevista, Noël Prioux, CEO do Grupo Carrefour Brasil, conclama as empresas a apostar na diversidade e a assumir a responsabilidade no combate ao racismo

Como é composto o quadro de colaboradores e de lideranças do Carrefour do Brasil, em termos de diversidade racial?

Temos bons indicadores (veja os números da empresa no quadro da

página ao lado), mas podemos fazer mais. Mais do que tudo, não queremos apenas ver a posição global. Queremos entrar nos departamentos, um a um, para que essa realidade aconteça em todos os setores da empresa. Caso não encontremos talentos para algumas das funções, o papel do Carrefour, como líder em termos de diversidade, é organizar a formação interna dos colaboradores.

Essa é uma tradição de 45 anos do Carrefour. Não vamos parar.

Em novembro, o Carrefour anunciou a criação de um fundo de R$ 40 milhões para combate ao racismo. Quais os objetivos dessa iniciativa?

Estamos nos engajando em ações concretas. Temos o compromisso de ajudar na capacitação de pessoas negras, na educação, na formação de lideranças, e em startups, com a possibilidade de utilizar nossa plataforma. Um comitê independente nos dá sugestões, assim como as associações que exercem um papel importante em facilitar a vida de famílias e pequenos empreendedores com ações concretas, simples e que funcionam com o tempo. Estamos buscando financiar ações efetivas no longo prazo.

Como o Carrefour enxerga seu papel no combate ao racismo?

Em primeiro lugar, queremos mudar completamente a segurança, os perfis das pessoas que trabalham em nossas lojas. Isso é muito importante para nós. Além disso, queremos integrar uma postura antirracista em nossos contratos com fornecedores, terceiros e mesmo funcionários, incluindo eu. Quem não compartilhar nossos valores contrários ao racismo e nossas ações para facilitar a inclusão da diversidade não pode trabalhar conosco.

Como o senhor enxerga a questão do racismo no Brasil? A sociedade tem avançado no combate a esse problema?

Vemos algumas evoluções. Mas a pesquisa que pedimos ao Instituto Locomotiva indica que 77% dos brasileiros pensam que pessoas negras são discriminadas no ambiente de trabalho. Essa é a prova de que temos que fazer muito mais. Existem empresas, grandes e pequenas, que estão fazendo esse trabalho, mas a verdade é que não é suficiente. Existe uma injustiça que não podemos aceitar mais. Nós, do Carrefour, queremos comunicar nossas ações e também aprender com outras organizações. Nossa primeira missão é ouvir as pessoas, entender a cultura das famílias do país onde nós estamos. Nossas equipes precisam representar a mesma diversidade das famílias que compram em cada uma das nossas lojas. Num país como o Brasil, que tem uma riqueza espetacular nesse sentido, não há outra opção a não ser fazer com que a diversidade esteja no DNA da empresa. Assim, o futuro já será diferente.

AO LEITOR

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2021-06-04T07:00:00.0000000Z

2021-06-04T07:00:00.0000000Z

https://revistapegn.pressreader.com/article/281582358559279

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