FRANCISCO VICENTE

Procuram-se empreendedores que tenham um plano escalável de transformação positiva de milhões de vidas neste país

Quando analisamos o financiamento de negócios sociais na Yunus, usamos diversos critérios. Um deles é o impacto socioambiental com foco na base da pirâmide no Brasil — as classes C, D e E. Além disso, levamos em conta a urgência do problema socioambiental a ser resolvido e o nível de profundidade oferecido pela solução.

A meta é fazer com que nosso capital financie as soluções para os grandes problemas de nossa geração. Queremos plantar milhões de árvores para frear o aquecimento global, proporcionar o acesso de crianças e jovens de todo o país à educação e combater o desemprego, que hoje atinge mais de 14 milhões de brasileiros.

Para que isso aconteça, precisamos de soluções que reúnam escala e profundidade. A tecnologia é uma poderosa ferramenta nessa equação. É fazendo uso dos últimos recursos tecnológicos que os fundadores poderão obter maior alcance e eficiência em suas propostas. Para provar a importância das startups de impacto, trago aqui dois exemplos práticos de empresas que usam ferramentas avançadas para ajudar centenas de milhares de pessoas.

A Redação Online é uma plataforma de avaliação de redações. Com um custo baixo, é bastante acessível para a maioria das escolas públicas. O estudante escreve a redação e recebe de volta a sua nota, juntamente com uma correção detalhada dos erros e sugestões de melhorias. Centenas de alunos que utilizaram a plataforma tiraram nota maior que 900 na última prova de redação do Enem. Considerando que o peso dessa disciplina é 20% da nota final, trata-se de uma peça-chave para garantir o acesso de estudantes de baixa renda às melhores universidades do país. Mais de 150 mil estudantes foram impactados pela solução em 2020. E nada disso seria possível sem a sofisticação tecnológica da startup.

Outra empresa que conseguiu unir inovação e impacto social é a Provi, que atua no financiamento de cursos profissionalizantes, educação executiva e residência médica para estudantes de baixa renda. Todos esses cursos, embora sejam de curta duração, têm uma correlação direta com maior empregabilidade e aumento de renda. Atuando em parceria com mil instituições no Brasil, a startup já financiou 70 mil alunos, cerca de 75% deles das classes C, D e E. O negócio social analisa o potencial de crédito do candidato e conclui a sua aprovação em até cinco minutos. As taxas ficam em 1% ao mês, em média. Facilitar crédito aumenta o acesso da população a bens e serviços. Usando uma tecnologia proprietária, a Provi conseguiu implementar essa visão na área de educação.

O que esses dois negócios têm em comum? Empreendedores com desejo de causar impacto, vontade de renovar modelos de negócio antiquados com o uso da tecnologia e um plano escalável de transformação positiva de milhões de vidas neste país. É esse tipo de empreendedorismo social que queremos impulsionar e escalar, por meio da nossa atuação e proposta de valor.