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Por um prato de comida

Hoje, pelo menos 19 milhões de pessoas vivem com fome no Brasil, segundo pesquisa da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan). Ainda de acordo com o estudo, 55% dos lares dos brasileiros, ou o equivalente a 116,8 milhões de pessoas, conviviam com algum grau de insegurança alimentar no final de 2020. Os números mostram que combater a fome talvez seja hoje a questão mais urgente do país. E é aí que entra a advogada Daniela Leite, fundadora da Comida Invisível. A startup fundada em 2018 faz a ponte entre quem tem alimentos para doar e quem precisa deles, com a ajuda da geolocalização. No site da empresa estão cadastradas 101 empresas — entre supermercados, cadeias de restaurantes e hotéis — e 1,7 mil pessoas físicas, que podem doar para 210 ONGs. Quem quer colaborar só precisa informar do que dispõe, aguardar a resposta de alguma entidade interessada, o que leva em média 8 minutos, e combinar a retirada.

“Decidi criar a empresa depois de descobrir que, a cada ano, 1,6 bilhão de toneladas de comida, ou um terço do que é produzido no mundo, termina no lixo”, diz Daniela. A cifra foi apresentada em 2018 pelo Boston Consulting Group, que estimou o prejuízo anual em US$ 1,2 trilhão. De acordo com a mesma entidade, em 2030 o volume desperdiçado somará 2,1 bilhões de toneladas, avaliados em US$ 1,5 trilhão. “Calculei o número de Boeings 747 que seriam necessários para transportar aquela comida toda. São mais de 11 milhões de aeronaves! Eu precisava fazer algo para mudar isso.”

Daniela, única sócia da empresa, não revela quanto fatura nem quanto investiu no projeto. Também não diz quanto amealhou com a linha de crédito concedida pelo BNDES. Mas revela que a empresa tem como parceira estratégica a Microsoft, que apoia a plataforma desde abril deste ano. Tudo somado, a startup já intermediou a doação de 60 toneladas de alimentos. A cifra exclui a campanha que beneficiou com cestas básicas 10 mil pessoas em situação de risco durante a pandemia. “Com a pandemia, a fome se tornou um problema ainda mais grave, e o desperdício de comida ficou ainda mais inaceitável”, afirma.

DATA BASE • STARTUPS DE IMPACTO

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2021-06-04T07:00:00.0000000Z

2021-06-04T07:00:00.0000000Z

https://revistapegn.pressreader.com/article/282484301691439

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