VESTUÁRIO, CALÇADOS E ACESSÓRIOS

DEPENDENTE DAS LOJAS FÍSICAS, SETOR TEVE DE BUSCAR NOVOS CANAIS DE VENDAS

Fortemente alicerçado nas lojas físicas, o setor de vestuário, calçados e acessórios foi um dos que mais sofreram com a pandemia: 22 mil lojas fecharam suas portas em 2020, segundo a Confederação Nacional do Comércio. A Associação Brasileira de Franchising também apontou queda no número de unidades (6,6%) e no faturamento (20,9%).

Como as pessoas ficaram mais em casa, a necessidade de novas peças de vestuário foi reduzida de forma significativa, na avaliação de Claudia Bittencourt, sócia-fundadora e presidente do conselho da consultoria Grupo Bittencourt. Pela primeira vez desde 1998, houve deflação no setor, resultando em queda de preços e de margens.

Para as redes que sobreviveram, “é hora de rever a rentabilidade da operação e focar em dar suporte aos franqueados, que certamente estão enfrentando dificuldades”, inclusive flexibilizando royalties, diz Roberto Vautier, especialista em varejo e franquias da AGR Consultores.

O segundo passo é pensar no futuro, investindo no e-commerce e em novas formas e canais de venda: app, compra online com retirada na loja, prateleira infinita, parceiros estratégicos para retiradas de mercadoria, take away e delivery em tempo reduzido, como o ship from store (lojas físicas como estoque na distribuição omnichannel).

Para Claudia, roupas que transitam entre a casa e o trabalho e associam conforto a estilo são um novo nicho. Além disso, o momento pede que as marcas contemplem a diversidade no desenvolvimento de produtos “e sejam inclusivas não só no discurso”.

FIQUE DE OLHO

Chamado de “re-commerce” ou “reverse commerce”, o popular “desapega” tem impactado o segmento. Isso porque consumidores cada vez mais conscientes passaram a consumir produtos de segunda mão. “É algo realmente disruptivo e se traduz não como ameaça, mas sim como oportunidade de as marcas criarem seus próprios programas de comércio reverso”, diz Claudia.