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POR mais REPRESENTATIVIDADE

Depois de vivenciar o racismo na publicidade, este empreendedor decidiu fundar uma agência que conecta marcas a influenciadores negros

TEXTO RENNAN A. JULIO

Como muitos, o paulista Ricardo Silvestre, 25 anos, decidiu empreender por insatisfação com o trabalho. Mas o problema não era o ofício – era o racismo sofrido no meio publicitário, no qual atuava. “Sempre fui um dos únicos profissionais pretos onde trabalhei, e isso me incomodava muito”, diz. A decisão de seguir outros rumos ficou ainda mais clara depois que ele sofreu um burnout. “Não foi por excesso de trabalho, mas sim por viver em um local onde era ignorado e questionado sem razão. Adoeci e não consegui lidar”, conta. Da necessidade de reinvenção surgiu a ideia de criar sua própria agência e trazer um impacto positivo para esse mercado. A Black Influence, fundada por ele em 2019, conecta marcas a influenciadores negros para parcerias. Para se ter uma ideia da lacuna nesse mercado, em 2020, pretos e pardos estrelaram apenas 38% das postagens dos 20 maiores anunciantes brasileiros nas mídias sociais, segundo o estudo Diversidade na Comunicação de Marcas em Redes Sociais, realizado pela Elife e pela SA365.

Empreendedor de primeira viagem, Silvestre diz que o início da jornada foi desafiador. Mas a validação de amigos e colegas de profissão ajudou, junto ao entusiasmo dos próprios influenciadores. “Mandei mensagens nas redes sociais, e eles me responderam animados com a proposta. A galera foi crucial para o negócio nascer”, diz o empreendedor. Em agosto de 2019, a Black Influence estreou oficialmente, numa campanha com a Uber. Na época, conectou a empresa a influenciadores para a realização de palestras internas. Segundo Silvestre, esse foi o formato de parceria mais comum no início. “O mercado precisava saber que existíamos”, diz ele. Em 2020, já com um time de influenciadores e uma empresa mais madura, o empreendedor foi surpreendido pela pandemia. Mas o efeito, no fim das contas, foi positivo. A Black Influence viu seu faturamento se multiplicar por três desde o início da crise sanitária. “O marketing de influência ganhou muita visibilidade”, diz Silvestre.

O período também foi marcado por um aumento na base de influenciadores parceiros. Hoje, são mais de cem, incluindo nomes como Nina Silva, Preta Araujo e Murilo Araújo. Do total, 30 trabalham de forma exclusiva, fechando parcerias apenas por meio da Black Influence. O portfólio de clientes também cresceu, composto por empresas como Amazon Prime Video, Spotify e Pão de Açúcar. Para o futuro, Silvestre tem uma preocupação: ajudar o mercado a abordar melhor a diversidade. “Tenho como objetivo trazer os influenciadores para a estratégia, colocá-los em contato com as marcas para pensar nos projetos. Trazer outras mentes pensantes para o jogo.”

FRONT END IMPACTO

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2021-12-02T08:00:00.0000000Z

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https://revistapegn.pressreader.com/article/281651078388633

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