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DE CESTA EM CESTA

“Sempre fui uma inconformada em relação às injustiças sociais. Nasci e fui criada em periferias de Salvador (BA), e sou grata pelos privilégios que meus pais puderam me oferecer, principalmente a educação. Fiz faculdade de biologia e mestrado em biotecnologia na UFBA [Universidade Federal da Bahia ] e especialização em gestão de saúde pela UFRB [Universidade Federal do Recôncavo Baiano]. Dentro do ambiente universitário, participei de experiências incríveis de cocriação de projetos sociais”, resume Roseane Vieira Moreira, 34 anos, fundadora e CEO da Minha Cesta, que atende comunidades periféricas soteropolitanas com cestas básicas. Entre as experiências da empreendedora, estão a startup Communitech, onde jovens periféricos criaram um curso de informática gratuito, e o Jovens Inovadores, que trabalha com educação da população carente sobre doenças como dengue e leptospirose.

Quando a pandemia chegou, ela quebrou a cabeça para encontrar mais formas de prestar socorro aos menos favorecidos. Como estava com suas atividades suspensas, aproveitou para aprender programação. Logo teve a ideia de, com a ajuda do noivo, Caio Nascimento, que atua na área de tecnologia, criar a Minha Cesta, que estreou em janeiro de 2021. Trata-se de uma plataforma que conecta quem pode doar cestas básicas e quem precisa recebê-las. No momento do isolamento social, quando muita gente queria colaborar, mas não sabia como ou não tinha segurança para direcionar os recursos, a ideia funcionou.

Pouco tempo depois, a Minha Cesta incorporou mais um serviço e passou a ser a Minha Cesta + Educação. Como o nome sugere, intermedeia o acesso de interessados em cursos de formação profissional com instituições parceiras. “A ideia é que, em breve, além de permitir a doação de cestas, também funcione como um clube de benefícios, onde os parceiros podem oferecer cupons de vantagens, por exemplo”, conta Moreira.

A função da plataforma e, mais recentemente, do aplicativo, é viabilizar as doações (por meio de assinaturas mensais que custam de R$ 80 a R$ 200) de cestas e bolsas de estudos para a população carente. “Me sinto uma gota no oceano, mas quando enxergo os novos horizontes que se abrem para as pessoas beneficiadas pelos alimentos e pela educação, também me sinto grande”, fala a empreendedora. A Minha Cesta já doou mais de 5 toneladas de comida, tem faturamento anual de R$ 60 mil, e a meta é triplicar no próximo ano. “Todo mundo ganha: a comunidade, quem investe nela e os profissionais que saem formados. A ideia não é ter lucro pelo lucro. É ajudar.”

DATA BASE - FAVELA 5.0

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2022-05-05T07:00:00.0000000Z

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https://revistapegn.pressreader.com/article/281852942150277

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