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S.O.S. MULHERES

Cenas de violência doméstica marcaram a infância de Mateus Diniz, 23 anos, de São Paulo (SP). Ele cresceu testemunhando agressões verbais e morais sofridas pela mãe – vindas do seu pai. A vontade de lutar contra essa injustiça e salvar tantas mulheres que passam por situações semelhantes tomou forma quando ele planejou seu trabalho de conclusão de curso na Etec onde cursou desenvolvimento de sistemas.

Ali nasceu a ideia do Todas por Uma, o aplicativo que foi aprimorado e lançado no fim de 2019. Para a empreitada, Diniz, que é CEO da empresa, contou com os sócios, Leonardo Salazar, 19 anos, e Lucas Chalegre, 24 anos. O app, que é gratuito, ajuda a vítima a pedir socorro quando se sente ameaçada – seja pelo companheiro, seja por um potencial agressor em uma área ou situação de risco. Basta sacudir o celular para que uma rede de pessoas cadastradas no aplicativo seja acionada por um alerta do app.

Dentro desse ambiente, os “anjos” podem conversar entre si e decidir quem está mais apto a entrar no circuito. Detalhe: para o agressor não desconfiar, após o chacoalhar do telefone aparece uma tela de publicidade, como se a mulher estivesse navegando em um site de compras. Se ela percebe que a ameaça passou, “cancela” a compra, e a rede de apoio é avisada de que ela está segura. Tudo em tempo real e com geolocalização precisa. “O Todas é mais do que um app para emitir pedido de socorro. Ele conecta pessoas em prol da vida, já que forma uma grande rede de gente unida pela mesma causa”, afirma Diniz.

Faz sentido: além do chamado de ajuda, o aplicativo permite que os usuários – são mais de 20 mil cadastrados, entre as mulheres, seus anjos e pessoas das comunidades LGBTQIAP+, que também costumam sofrer ameaças – formem uma enorme turma de interessados em trocar informações sobre direitos e ações contra a violência.

Por enquanto, a publicidade que surge quando a tela balança é de parceiros do app – como a empresa de tecnologia especializada em produção publicitária Vati e o programa de aceleração ligado à prefeitura de São Paulo Vai Tec, que já investiram mais de R$ 260 mil. A partir deste mês, a startup também entra em uma fase de captação de recursos para se expandir. Por ora, mesmo sem grandes aportes financeiros, o Todas, que começou na favela Área 4, na Zona Norte de São Paulo, já faz sucesso e atua em outros 12 países, como Colômbia, Estados Unidos e França. A expectativa é, em um ano, chegar a 1 milhão de downloads, atraindo patrocinadores que poderão render à plataforma R$ 645 mil em receita. “Um dia, peguei um carro de aplicativo e, ao perceber que eu era do Todas, o motorista me agradeceu, dizendo que era um dos ‘anjos’ da filha e ficava mais tranquilo porque ela tinha o aplicativo. Por essas e outras, sinto que estamos no caminho certo”, diz Diniz.

DATA BASE - FAVELA 5.0

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2022-05-05T07:00:00.0000000Z

2022-05-05T07:00:00.0000000Z

https://revistapegn.pressreader.com/article/282054805613189

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