IMAGENS EM TEMPO REAL

As redes sociais são responsáveis por uma profunda mudança no perfil do profissional de foto e vídeo. Se antes ele tinha no mínimo 48 horas após um evento para escolher as melhores imagens, editá-las e entregá-las ao cliente, agora é obrigado a enviar tudo imediatamente para ser compartilhado pelo contratante e viralizar. Ter essa agilidade é a única forma de enfrentar a concorrência do próprio público presente, que filma, fotografa e posta cada registro praticamente em tempo real. Além de dispor de equipamentos modernos para obter os melhores registros, quem trabalha nessa área precisa ter criatividade e buscar ângulos diferentes. Vale oferecer alternativas como cabines de fotos. Há também os backdrops, painéis que possibilitam o registro de imagens com um fundo mais bonito, elegante ou que destaque uma marca. Com tantas pessoas com celulares à mão, é praticamente impossível ter controle sobre o que vai ser postado, especialmente em megaeventos. A organização de um festival de música, por exemplo, fica muito satisfeita quando vê fotos e vídeos de pessoas alegres vibrando com seus ídolos. Mas se sente extremamente frustrada quando as imagens mostram desorganização, mau atendimento e filas intermináveis para comprar um lanche ou conseguir usar os banheiros. “Em eventos corporativos é preciso ter cautela para que nada indevido seja publicado nas redes oficiais da empresa”, lembra Maria Thainá Rocha, professora de comunicação da Faculdade São Judas Tadeu. TENHA ATENÇÃO Quem trabalha com fotos e vídeos precisa ter equipamentos profissionais de alta qualidade, além de conexão wi-fi, e dominar softwares de edição. Uma linguagem criativa para fotos e vídeos é fundamental para diferenciar o profissional da infinidade de imagens feitas por celular pelos convidados. O portfólio é o cartão de visitas desse profissional: deve mostrar versatilidade e um estilo consistente. Um contrato deve definir quem será o dono dos direitos autorais das imagens. O cliente pode solicitar que o próprio fotógrafo apresente e recolha as autorizações do uso de imagem das pessoas. UM NOVO OLHAR PARA O MERCADO Para não perder clientes, Robson de Paiva Leandro, 48 anos, precisou se adaptar ao mercado. Ao longo de uma década de carreira como fotógrafo, ele criou uma rede de contatos corporativos que procuram sempre pelo seu trabalho. Nos dois últimos anos, no entanto, percebeu uma mudança importante quando ia para as reuniões: era sempre questionado se sabia também fazer vídeos. “Ou eu passaria a oferecer esse serviço ou deixaria de ser contratado”, explica. “A saída foi estudar e me preparar para ser um profissional mais completo”, conta. Hoje, 60% do faturamento de sua empresa, a 22Imagens, vem justamente da produção de vídeos. Passar a produzir e editar vídeos foi só uma das mudanças que Leandro introduziu na sua rotina de trabalho. Para se diferenciar dos demais profissionais, ele busca uma abordagem diferente. Segundo ele, não dá para entregar as mesmas fotos de sempre: é preciso pensar em backdrops, painéis instagramáveis que valorizem a marca do cliente e procurar saber qual o público e quem são as pessoas mais importantes, que não podem deixar de ser fotografadas e filmadas. Neste ano, o fotógrafo fez um investimento de R$ 10 mil numa câmera nova e equipada com wi-fi para transmitir as imagens em tempo real. Há clientes que ficam do seu lado esperando a imagem para postar. Com a retomada do setor, ele faz cerca de quatro eventos por mês. Sua diária custa R$ 1,5 mil. Recentemente, o empreendedor passou a explorar o nicho de podcasts. “Tenho a iluminação necessária, boas câmeras e três microfones, e ofereço para as empresas fazerem seus próprios programas”, explica. Em vez de gravar em estúdios, o que encarece a produção, Leandro leva sua estrutura para a empresa. O local escolhido pode ser a sala do CEO ou de reuniões. Dessa forma, o executivo pode gravar entrevistas com outros diretores, gerentes, funcionários, clientes e fornecedores, levando informações importantes para toda a equipe.