Construção de um futuro com mais diversidade

A economista Amanda Graciano tem um critério muito bem definido para o tipo de negócio em que decide investir: “Meu olhar é se ele vai contribuir com o mundo que eu quero lá na frente”.

Entre os aspectos desse futuro está o da diversidade, o que explica sua preferência por apostar em empresas com fundadores negros. “No Brasil, as pessoas negras saem de um ponto de partida muito diferente”, diz. “Então, se tenho acessos e conhecimento, forneço um aporte que inclui ‘smart money’ [conhecimento e recursos em troca de participação societária].”

Sua expertise foi enriquecida por uma passagem pelo Cubo Itaú, hub de startups em que foi gestora de projetos até 2022. “Lá, minha chave virou.” Se já se conectava a esses fundos com esse olhar, por que não atuar como investidora?, questionou-se.

Seu primeiro investimento foi feito 11 anos atrás, com o dinheiro que ganhava como estagiária. À época, aportou em uma loja de roupas, muito pela familiaridade com a “economia real”: “Minha vó teve salão de beleza, minha mãe tem uma consultoria na área farmacêutica”.

Em seu percurso como investidora – cinco aportes com recursos próprios –, Graciano aplicou como pessoa física e em grupos de anjos, optando por negócios em estágio inicial até por requererem valores menores de investimento.

Hoje, tem estado atenta a projetos de comunicação e entretenimento. “As fintechs também continuam muito em alta, e o setor da saúde vem crescendo”, avalia. Há um ano e oito meses, é sócia da Fischer Venture Builder, organização que cria, valida e acelera startups.

Entre seus critérios de avaliação está o dos perfis das pessoas na gestão. “Se elas têm boa índole, se concordo com as ideias delas, se o santo bateu”, afirma. “Para a comunidade negra, intuição é tecnologia e vem de um processo muito estruturado de rever aquele ponto várias vezes. Avaliei mais de mil startups, então tem coisa que, ao escutar, já sei se o empreendedor está falando a verdade ou se está enrolando ou inventando.” Outro quesito é a “capacidade de aquele time executar” a solução – e se ela de fato atende a uma demanda de mercado, além da tecnologia que usa para isso.