Capital como ativismo para a igualdade racial

Filha de pais “muito ativistas do movimento negro gaúcho”, Luana Ozemela conta ter entendido desde cedo a importância de reivindicar protagonismo para a população negra. Para defender a causa, mediante um “ativismo mais eficaz e baseado em evidências”, decidiu cursar economia na UERGS (Universidade Estadual do Rio Grande do Sul), onde se formou em 2003.

Em 2011, começou a trabalhar no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) com foco em políticas públicas. Depois de certo tempo, passou a estruturar empréstimos para a área de mercado de capitais. “Notei que a indústria de investimentos poderia ser a ferramenta de mercado mais poderosa em termos de promoção da igualdade racial”, afirma. Buscou, então, no BID, redirecionar mais capital para gestores negros e fundos temáticos.

Em 2015, lançou o primeiro programa de apoio ao afroempreendedorismo na América Latina – o Inova Capital. Ao sair do banco, em 2019, realizou seus primeiros aportes como investidora-anjo. Em paralelo, criou o PreCapLab, programa de conexão de empreendedores negros com investidores negros que já mobilizou US$ 5 milhões para 52 empresas, e a consultoria de negócios Dima. Ao deparar-se com a escassez de investidores negros, cofundou a BlackWin, rede de investidoras negras.

Atualmente, Ozemela investe em cinco negócios. Seu primeiro aporte no Brasil foi em uma startup de conteúdos de streaming afirmativos. “Tenho alguns investimentos também no Reino Unido, na indústria de cosméticos”, diz. “Atuo ainda nos setores de agritech e de educação.”

Para ela, “o importante é investir em pessoas negras, talentosas e que são obcecadas pelos negócios que fazem. Que demonstram resiliência e escutam os conselhos de uma investidora ativista, participante e curiosa”. Também avalia “os números, o potencial de mercado, o tamanho do tíquete”. “Gosto de uma posição minoritária, mas ativa na empresa”, afirma.