Suzana Padua

“OFERECEMOS A POSSIBILIDADE DE OS ASSENTADOS VIVEREM DIGNAMENTE E, AO MESMO TEMPO, BENEFICIAREM A NATUREZA”

Nos anos 1980, Suzana e Claudio Padua trocaram uma vida confortável no Rio de Janeiro por uma bastante árida no Pontal do Paranapanema, no oeste paulista. O projeto de mestrado do biólogo era salvar o mico-leão-preto da extinção, protegendo as matas remanescentes da região.

Sem dinheiro, com leishmaniose e vendo seus filhos serem ameaçados pelos coronéis, Suzana, que é designer, acabou se revoltando. Aos poucos, porém, enxergou a chance de iniciar um trabalho de educação ambiental para proporcionar alternativas de renda à população do entorno, formada em grande parte por assentados do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

“Oferecemos a possibilidade de viverem dignamente e, ao mesmo tempo, beneficiarem a natureza, criando sistemas agroflorestais em pequenas propriedades, que combinam a produção agrícola com a regeneração da floresta.”

Um exemplo são os viveiros comunitários. As famílias produzem mudas de espécies da Mata Atlântica, usadas para reflorestamento, e aprendem a plantar café, abacaxi e mamão. “Ao mesmo tempo em que ganham uma fonte de renda, trazem de volta a biodiversidade”, diz.

E foi com essa raiz que há 30 anos nasceu o IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas), organização que desenvolve, pratica e ensina soluções para conservar a biodiversidade brasileira nos quatro biomas.

Aos 72 anos, a presidente diz que o maior legado deixado pela ONG são os mais de cem pesquisadores que atuam nos 30 projetos e os 7 mil alunos que passaram pela Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade, fundada pelo casal em Nazaré Paulista (SP), onde fica a sede.

Em tempo: o mico-leão-preto passou de “criticamente ameaçado” para “ameaçado”, e o Pontal do Paranapanema ganhou 6 milhões de árvores nativas. No Mapa dos Sonhos está a conexão de 40 mil hectares de fragmentos verdes.