Daniele Damata

“A MAQUIAGEM É UM INSTRUMENTO PARA O DIÁLOGO SOBRE AUTOESTIMA, ACEITAÇÃO E EMPODERAMENTO”

Daniele Damata entrou no mercado de trabalho aos 15 anos. Mal sabia que, em uma fábrica de cosméticos no interior de São Paulo, a auxiliar de produção delineava os primeiros traços da DaMata Makeup, “a primeira escola de maquiagem para pele negra do Brasil”.

“Beleza, na época, era uma coisa distante para mim”, diz. Na empresa, passou por quase todos os setores até chegar à manipulação. Foi quando teve “um encontro de almas” com o único colaborador negro, um químico que, literalmente, ensinou-a a fazer maquiagem. Mas os planos eram outros. Aos 20, pediu demissão.

Queria estudar Direito para defender causas de impacto. Como não tinha dinheiro para a faculdade, fez um curso profissionalizante de maquiadora e passou a atender em domicílio, ensinando técnicas e misturinhas. “A maquiagem é um instrumento para o diálogo sobre autoestima, aceitação e empoderamento.”

Um dia, a cliente fez uma provocação: “Por que você não monta uma escola?”. Ajudou-a em um plano de negócios. Determinada, juntou R$ 5 mil e abriu as portas em 2013, em São José dos Campos (SP), onde morava. Nas redes sociais, seu trabalho ganhou visibilidade. E a DaMata Makeup passou a ser itinerante.

Em Salvador, impactada pelas diversas tonalidades de pele negra, esboçou o projeto “Negras do Brasil”, que por dois anos rodou o país falando sobre autocuidado para 3 mil mulheres, fazendo, em paralelo, conexão com marcas de maquiagem.

Aos 35 anos, com 81,8 mil seguidores, centenas de campanhas, desfiles e editoriais de beleza na bagagem e crescendo 400% nos últimos três anos, Daniele diz que ainda não é hora de lançar sua marca de maquiagem.

Sua meta é continuar mais perto da indústria, no desenvolvimento de produtos, como fez com Avon, Bruna Tavares e Contém1g. “Quero que gigantes do ramo de beleza vejam as mulheres negras brasileiras como consumidoras.”