Djuena Tikuna

“MEU TRABALHO É VOLTADO PARA DAR VISIBILIDADE À QUESTÃO INDÍGENA, À NOSSA CULTURA, TÃO DIVERSA E PLURAL”

Aos 9 anos, quando se mudou da terra indígena Umariaçu, no Alto Solimões, para Manaus, Djuena Tikuna, 38 anos, sentiu que estava em um lugar que não pertencia a ela. O idioma diferente só acentuava a dificuldade da menina tímida que tinha muita vergonha de falar e que sofria preconceito.

“Juntei muito sofrimento em mim, e a música me dava força.” Passou a cantar com grupos, ser ouvida e respeitada. “Comecei a pensar que a música é uma ferramenta de luta, de resistência.”

Ingressou na faculdade de Jornalismo, com a missão de fazer sua própria produção e assessoria como cantora de canções faladas em ticuna, o idioma de seu povo. Em 2017, gravou seu primeiro CD-solo, de nome Tchautchiüãne (Minha Aldeia). Para marcar o lançamento, produziu um show histórico, em que, pela primeira vez, vários artistas indígenas se apresentaram no Teatro Amazonas. Pegou gosto e, no ano seguinte, organizou a I Mostra de Música Indígena do Amazonas, com a participação de 20 grupos.

Agora, entre shows e a criação de composições, ela também prepara um documentário sobre a musicalidade contemporânea indígena ticuna, um livro e um álbum. “Meu trabalho é voltado a dar visibilidade à questão indígena, à nossa cultura, tão diversa e plural”, diz ela, que reforça: “Uso as redes para ecoar longe”.