Maria Gal

“[AO SER RECUSADA PARA UM TRABALHO PELO TOM DA PELE,] CHOREI BASTANTE E PENSEI: SE EU QUISER TRABALHAR NESSA ÁREA, VOU TER QUE PRODUZIR PROJETOS TAMBÉM”

A projeção é de um faturamento de R$ 3 milhões em 2023 – foram R$ 900 mil em 2022, ano de investimento em branding, estratégia e prospecção. No total, 10 milhões de pessoas assistiram, na TV, ao talk show Preto no Branco.

Maria Gal não precisa dar respostas a ninguém, mas os resultados acima, obtidos pela Move Maria – da qual é CEO –, indicam a potência da atriz, apresentadora e produtora, e desmentem um comentário que ouviu em 2017, quando decidiu criar a produtora de audiovisual.

Na ocasião, após um teste, soube que havia sido preterida porque seu tom de pele “não era comercial”. “Por mais que eu soubesse da questão racial, chorei bastante e pensei: se eu quiser trabalhar nessa área, vou ter que produzir projetos também.”

Sem contatos, descobriu “ter tino” para buscar patrocínio. Quando recebeu sinal verde para desenvolver Preto no Branco, que aborda questões raciais e tem patrocínio da Gerdau, montou uma equipe 76% feminina e 58% feminina negra.

A audiência foi uma grata surpresa, segundo ela. Chegou a ultrapassar 1 ponto, o que, dado o horário das 23h30, e ao fato de ser exibido em um canal pago, a BandNews TV, chamou a atenção do mercado publicitário. “Ainda é difícil, obviamente. Tenho uma construção de networking, mas, no audiovisual, a captação pode levar, um, dois, cinco anos.”

Seu dia a dia está nas redes, que ela usa também para defender equidade de raça e de gênero. “A gente só muda realmente por meio da educação, seja ela pelo entretenimento, seja pelas redes”, diz ela, que já tem engatilhado um longa-metragem.

Onde estará a Move Maria em cinco anos? Ela sorri e responde: “Já vai ter feito algumas das produções mais importantes do Brasil, não só filmes, mas também programas de TV. Mais importante no sentido de representatividade, de trazer o Brasil real para a tela. Esse é o momento”.