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INGLÊS FORA DO EIXO

Com o objetivo de ampliar o repertório dos alunos, a Karina Me Ensina inclui sotaques de países como Jamaica e Índia no ensino de inglês

TEXTO LETÍCIA SÉ

Formada em pedagogia e especializada na língua inglesa, Karina Santana, 28 anos, trabalhava dando aula para crianças em escolas bilíngues de São Paulo (SP). Em 2020, depois de voltar da licença-maternidade, acabou sendo demitida. Começou então a lecionar de forma online para jovens e adultos, abrindo a empresa Teaching Home – rebatizada como Karina Me Ensina, em 2022. Hoje com 315 alunos, a escola online tem como proposta oferecer mensalidades acessíveis para estudantes negros, além de incluir referências ao inglês fora do eixo Estados Unidos/Inglaterra.

O repertório conta com os sotaques da Jamaica, da Índia e do Quênia. As aulas tratam de temas atuais da cultura pop negra e também incluem referências nacionais, com vídeos de nomes como Anitta, Ludmilla e jogadores de futebol brasileiros falando inglês. “Os alunos vêm com uma expectativa de falar igual ao americano, mas eu mostro que há diferentes sotaques em países que têm a língua inglesa como uma das oficiais”, afirma Karina.

A empresa oferece cursos do nível básico ao avançado, nos formatos intensivo, regular e de baixo custo. A mensalidade mais acessível custa R$ 70. O valor para a turma regular é de R$ 197, e para o intensivo, R$ 250. As aulas são ao vivo, mas os cursos também incluem lições gravadas por Karina como um apoio ao aprendizado. A irmã da empreendedora, Vanessa Santana, 24 anos, que também é pedagoga e professora de inglês, dá aula para parte das turmas. “Desenvolvi meu método próprio e quero registrá-lo. Neste ano, devo contratar de cinco a dez professores e vou treiná-los a partir dele”, afirma a fundadora.

Karina diz que o viés acessível para alunos negros foi pensado como uma forma de reparação social. “Inglês é a língua mais falada do mundo, então, todos deveriam ter acesso ao seu aprendizado. No Brasil, é elitizado, mas quero quebrar isso aos poucos”, afirma a empreendedora. Se

gundo ela, muitos alunos também comentam que nunca tiveram uma professora de inglês antes. “Eles se sentem mais à vontade, sentem que não vou julgá-los ou subestimá-los”, diz Santana.

No ano passado, um comentário negativo feito no Twitter acabou gerando uma repercussão positiva para o negócio. “O tuíte era de um professor reclamando que meu curso era muito barato e não deveria ser bom”, conta a empreendedora. Na época, a mensalidade cobrada era de R$ 30. “Em menos de 12 horas, foram 111 inscrições. Em cinco dias, foram 300. Tive de mudar de MEI para ME”, diz. Ela não abre o faturamento, mas estima que, em agosto deste ano, o negócio passará a se enquadrar como empresa de pequeno porte (EPP).

O próximo passo é lançar um curso online para ajudar outros professores de inglês a conquistar mais alunos. “É preciso perder as amarras e os estereótipos de professor, de ser muito formal. Nas redes sociais, isso nos distancia do público”, indica a empreendedora, que tem mais de 11 mil seguidores no Instagram.

SUMÁRIO

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2023-05-04T07:00:00.0000000Z

2023-05-04T07:00:00.0000000Z

https://revistapegn.pressreader.com/article/281633899566579

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