Revista Pequenas Empresas Grandes Negocios

VAREJO DO FUTURO

Tecnologia, experiência do cliente, novos formatos, gestão de pessoas, logística, pagamentos e até administração financeira têm papel crucial nas vendas. Conheça as principais transformações no varejo brasileiro e saiba como se preparar para cada uma

TEXTO MAURO SILVEIRA FOTO DANIEL GALLO, MARCUS STEINMEYER, PRISCILLA BUHR E RAFAEL DABUL

Tecnologia, experiência do cliente, novos formatos, gestão de pessoas, logística, pagamentos e até administração financeira têm papel crucial nas vendas. Conheça as principais transformações no varejo brasileiro e saiba como se preparar para cada uma delas

O varejo passa por um momento de transformação. Primeiro, nos formatos de negócios e canais de vendas: a pandemia causou a corrida pela digitalização, com montagem às pressas de e-commerce e social commerce nos primeiros tempos, e posterior adoção mais estruturada de tecnologias como inteligência artificial e realidade aumentada. Depois, a volta dos consumidores às ruas e lojas veio acompanhada de outro movimento – o da valorização da experiência do cliente no ponto de venda, com empresas nativas digitais, como MadeiraMadeira e Beleza na Web, construindo lojas físicas. “Não é mais o varejista quem decide como quer vender, mas o cliente que escolhe como e quando deseja comprar”, afirma Maurício Morgado, líder do Centro de Experiência em Varejo (CEV) da Fundação Getulio Vargas. “Por isso é preciso fazer a integração de todos os canais.” É o chamado omnichannel.

Heterogêneo, o setor é composto por negócios de portes distintos, que vão da pequena papelaria de bairro às redes de supermercados ou megalojas de departamento. Sobretudo para os menores, o planejamento é crucial na hora de investir em tecnologia. “Se o pequeno varejista não tem muitos recursos, não vale a pena investir em tendências que levam tempo para ser adotadas pela massa de consumidores”, afirma Lexy von Keszycki, gerente de aceleração de negócios da Endeavor. Também é necessário desenvolver os funcionários, com treinamentos e informações. Uma pesquisa realizada em 2022 pela Fundação Dom Cabral sobre a maturidade digital do pequeno varejo brasileiro apontou a gestão de pessoas como o maior desafio para essas empresas nos próximos anos. Numa escala de 0 a 10, a qualificação da mão de obra aparece com 2,98 pontos, num estágio inferior a tecnologia (3,05), estratégia (3,35), operações (3,45) e liderança (3,75). “Há uma dificuldade maior na qualificação da mão de obra e no desenvolvimento de especialistas em questões centrais relacionadas à transformação digital”, afirma o professor e pesquisador Paulo Renato de Sousa, responsável pelo estudo da FDC. “Isso nos leva a uma reflexão importante: quem

faz a transformação digital são as pessoas, não só a tecnologia.”

Outras mudanças do varejo são as adaptações à oscilação da economia e do consumo. De acordo com a Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomércioSP), o varejo paulista alcançou o recorde de R$ 1,3 trilhão em vendas em 2022, com uma taxa de expansão de 8,1% se comparado com 2021. “O primeiro semestre registrou um crescimento de 11% em relação ao ano anterior e representou um momento de recomposição das perdas do varejo”, afirma Kelly Carvalho, economista da FecomércioSP. “Contudo, no segundo semestre houve uma retração, em consequência da insegurança do cenário político polarizado no país e a alta dos níveis de endividamento e inadimplência provocada pela inflação elevada e pelo crescimento das taxas de juros, entre outros fatores.”

Já em 2023, a tradicional Lojas Americanas teve dívidas de R$ 43 bilhões reveladas e entrou em recuperação judicial em janeiro; a Amaro, de vestuário, pediu recuperação extrajudicial junto aos credores em março. Em abril, a Tok-Stok fechou lojas em cinco estados. “As grandes empresas do varejo se tornam referência para o setor e para as instituições financeiras”, diz Nuno Fouto, professor da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da Universidade de São Paulo (USP). “Quando entram em crise, provocam um viés negativo forte na avaliação de riscos, provocando restrição de crédito e aumento de juros.” Neste ano, os varejistas poderão enfrentar mais dificuldades para conseguir um empréstimo em condições vantajosas.

Entre implementar novas tecnologias, desenvolver pessoas, investir em mais canais de vendas e otimizar as finanças, são muitas as ações para o varejista que quer estar bem – e ganhar dinheiro – em 2023. Pequenas Empresas & Grandes Negócios listou as 30 tendências do varejo do futuro (que já começou) e trouxe as histórias de empreendedores que estão se transformando. Confira nas próximas páginas.

SUMÁRIO

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2023-05-04T07:00:00.0000000Z

2023-05-04T07:00:00.0000000Z

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