Inspiração para a periferia

A democratização da tecnologia foi uma das razões que levaram Lucas Lima, 28 anos, a fundar a Infill, em 2018. Diante da dificuldade de acesso a impressoras 3D, ele, que é nascido e criado no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, decidiu fazer o próprio equipamento com sucata.

“Usei uma impressora 3D na faculdade, no curso de engenharia mecânica. Uma máquina daquela custava R$ 17 mil.” Com a ajuda da internet, ele aprendeu a fazer o equipamento sozinho.

O resultado foi um protótipo que custou R$ 680, o que representa 4% do valor do modelo de referência à época. Mais motivador do que construir a própria impressora com sucata foi a possibilidade de compartilhar conhecimento. Lima passou a dar aulas sobre o tema e foi reconhecido por isso. Em 2019, recebeu o Prêmio Shell Iniciativa Jovem, voltado a negócios sustentáveis, e foi top 5 da Feira de Negócios Juventude Empreendedora.

O empreendedorismo foi uma alternativa para ele se inserir no mercado. “Às vezes, empreender é o único caminho para quem mora na periferia. Procuramos emprego, e muitas vezes não conseguimos por causa do CEP.”

Hoje, a Infill oferece consultoria em tecnologia voltada ao contexto periférico. O serviço, que pode ser um workshop ou uma palestra para grandes audiências, custa a partir de R$ 13 mil. O empresário também desenvolveu uma tecnologia capaz de imprimir casas de até 60 m² em 48 horas, com cimento.

“O empreendedorismo e a tecnologia me levaram a lugares que nem imaginava. Acho importante que pessoas mais jovens da periferia possam conhecer exemplos que partiram da mesma realidade delas”, diz.

Em 2021, a Infill foi destaque na BeyGOOD, organização filantrópica da cantora Beyoncé comprometida com empreendedorismo e pequenos negócios sustentáveis. Neste mês, o empreendedor participa da Global Solutions Summit, em Berlim, onde vai debater sobre meio ambiente, tecnologia e educação.