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RETALHO FASHION

Criada por dona de brechó, a marca UpCo usa tecidos de roupas que não eram vendidas para produzir bolsas e almofadas

TEXTO CARINA BRITO

Desde que fundou o Rata de Brechó, em Juiz de Fora (MG), a empreendedora Aline Azevedo, 42 anos, viu muitas peças de roupas antigas ganharem um novo uso. Algumas delas, porém, ficavam paradas nas araras. “Eram peças de marcas caras e com estampas bonitas, mas cuja modelagem não está mais em alta”, afirma. Incomodada com o encalhe e decidida a aproveitá-las de alguma forma, ela criou a UpCo, marca que usa retalhos para criar almofadas e bolsas. A contar do início da produção, no começo de 2021, a empresa já reaproveitou três toneladas de tecido.

A motivação para fundar o novo negócio foi diferente da que a levou a montar o seu brechó, em 2009. Como muitos, Azevedo começou a empreender por necessidade. Divorciada e com um filho que, na época, tinha 5 anos, ela queria abrir uma empresa que pudesse comandar de dentro da sua casa. “As pessoas sempre elogiavam o meu estilo, e pensei em vender roupas. Mas não queria ter de ir até São Paulo para trabalhar como sacoleira”, diz Azevedo. Decidiu criar um brechó, já que ela mesma era uma consumidora assídua de peças de segunda mão.

Na época, começou a vender roupas das amigas e peças que encontrava em bazares. A divulgação era feita em grupos no Facebook. “Eu combinava as entregas na rua ou as clientes iam até a minha casa. O começo foi difícil, muitas pessoas viam as roupas pessoalmente e decidiam não ficar com elas. Aí eu perdia a viagem”, conta. Aos poucos, no entanto, o negócio foi crescendo: alguns anos depois de sua criação, o bazar ganhou site e espaço próprio.

A faísca inicial para a criação da UpCo viria em 2018, quando Azevedo estava no processo de abrir a loja e de se mudar para um endereço próximo ao local. Por falta de espaço, decidiu doar algumas roupas para bazares da região. Ao visitar os locais meses depois, para procurar novas peças, viu que muitas das suas doações ainda estavam lá. “Mesmo o bazar cobrando um preço muito baixo, elas não eram vendidas. Eram muitas roupas, e aquilo começou a me incomodar”, diz.

A inspiração final para o novo negócio veio de forma inusitada. Durante uma aula de spinning, a televisão transmitiu o clipe Thriller, de Michael Jackson, no qual os dançarinos usavam roupas feitas com retalhos. “Pensei em utilizar os tecidos das peças que não estavam saindo. A ideia veio bem bruta, de uma coisa bem bizarra mesmo”, afirma.

Em parceria com Miyuki Matsui, 52 anos, então consultora financeira do seu brechó, ela fundou a UpCo. O empreendimento começou com a produção de almofadas, de olho no interesse das pessoas por decoração em meio à pandemia. Depois, por demanda dos próprios clientes, veio a produção de bolsas. Agora, o principal desejo de Azevedo é ampliar o público-alvo da UpCo. “Quero atender empresas, reutilizando seus uniformes antigos para fazer novos produtos”, afirma.

SUMÁRIO

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2023-05-04T07:00:00.0000000Z

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https://revistapegn.pressreader.com/article/282213720151539

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