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AMOR NAS NUVENS

Aplicativo de relacionamento voltado para pessoas negras chega a 100 mil usuários e mira internacionalização em 2024

TEXTO BIANCA CAMATTA

Apesar de 56% da população brasileira se declarar preta ou parda, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), essa distribuição não ocorre proporcionalmente em todos os ambientes – nos aplicativos de relacionamento, por exemplo.

O empreendedor Fillipe Dornelas, 30 anos, identificou essa lacuna e criou, em 2022, o Denga Love, com foco em pessoas negras. Essa parcela da população, diz ele, não se sente incluída nas plataformas. “Quando usei um app no ano passado, passei por situações muito chatas, até mesmo de racismo”, conta.

Tinha, então, sua experiência pessoal. Para além dela, encontrou pesquisas como a da Associação Americana de Psicologia, que mostra que pessoas negras, nos apps de namoro, contatam dez vezes mais brancas do que o contrário. Outro artigo, de especialistas da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, apontou que essas ferramentas podem reforçar preconceitos raciais.

Assim, Dornelas juntou a experiência de dez anos em tecnologia à vontade de trabalhar com impacto social para desenvolver o negócio. Aportou quase R$ 100 mil em seis meses, da concepção ao lançamento, em outubro de 2022.

Tudo pronto, compartilhou a versão de teste com amigos. Quando chegou a potencial de mercado, foi atrás de sócios. A designer Bárbara Brito, 26 anos, entrou para criar a identidade visual; o influenciador Roger Cipó, 32, ficou responsável pelo marketing.

O Denga Love funciona como outros apps: após o match, os usuários podem conversar. A plataforma é gratuita e oferece também um plano VIP, que permite mudança de geolocalização em viagens e visualização de quem foi dispensado. O pacote mensal custa R$ 16,90; o semestral, R$ 69,90.

O aplicativo não restringe o cadastro de usuários brancos, mas a comunicação é focada em negros. A ideia é não apenas evitar situações de racismo, como permitir relações afrocentradas. “Quando falamos de amor negro, estamos falando de uma cultura, de pessoas que têm ideais parecidos e querem se encontrar.”

O aplicativo soma 100 mil usuários, e a meta é chegar a 130 mil até o fim do ano. Em 2023, até agosto, a empresa havia faturado R$ 400 mil. O objetivo era bater R$ 600 mil em outubro.

A receita do negócio é composta das vendas de planos (90%) e de publicidade. Atrair mais marcas está no foco no empreendedor, que pensa em internacionalizar o app em 2024 – quando pretende alcançar 300 mil usuários.

Há ainda novidades em desenvolvimento: uma voltada para encontros em lugares seguros e a outra para ajudar as pessoas com dificuldade de começar uma conversa.

SUMÁRIO

pt-br

2023-11-03T07:00:00.0000000Z

2023-11-03T07:00:00.0000000Z

https://revistapegn.pressreader.com/article/281500755954927

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