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CRIAÇÃO E REGENERAÇÃO

Empreendedora cria escola de moda pluricultural baseada em referências indígenas e africanas

TEXTO CARINA BRITO

“Só consigo acreditar em uma moda regenerativa se ela se conectar com os povos originários, com matérias-primas naturais brasileiras e métodos de produção que os indígenas conhecem”, diz a empreendedora Julia Vidal, 42 anos. Para disseminar o conhecimento sobre o assunto, ela criou, em 2021, uma escola com foco no ensino de moda pluricultural, com referências às culturas indígena e africana, principalmente. A Éwà Poranga já ensinou 160 alunos. Segundo Vidal, o nome da escola significa beleza, em iorubá (éwà) e em tupi antigo (poranga). Ela também é fundadora da marca de roupas e acessórios Julia Vidal I Etnias Culturais.

“A Éwà Poranga é uma escola para as pessoas beberem na fonte. Não temos intermediários. Os alunos têm contato com quem é referência em suas áreas”, afirma. A entidade tem professores negros e indígenas, e a metodologia foi desenvolvida pensando na valorização da cultura brasileira.

Vidal é formada em desenho industrial e possui mestrado em Relações Étnico-Raciais. Sua marca de vestuário começou quando ela apresentou seu Trabalho de Conclusão de Curso com o tema “O Africano que Existe em Nós, Brasileiros”, em que analisou simbologias de algumas etnias que vieram para o Brasil. No dia da apresentação, a empreendedora usava uma roupa com estampa criada por ela. Ao final, diversas pessoas mostraram interesse na peça.

Em 2005, Vidal lançou a Balaco I Roupas Afro-brasileiras, cujos itens eram comercializados em eventos culturais e feiras livres aos fins de semana. Com o sucesso, as roupas foram parar até em produções da Globo, como Mister Brau e Malhação. Três anos depois do lançamento, a empreendedora abriu um ateliê para receber os clientes, e logo passou a oferecer oficinas educativas dentro da loja para ampliar o contato das pessoas com essa temática. A mudança de nome para Julia Vidal I Etnias Culturais veio em 2012, depois que ela descobriu sua ascendência indígena. Quando completou dez anos de marca, em 2015, lançou um livro de mesmo nome do TCC que apresentou na faculdade. “Comecei a dar palestras e desenvolvi o meu lado educador”, diz. A primeira incursão própria no universo da educação só veio cinco anos depois, em outubro de 2020, quando Vidal criou um projeto piloto de dois meses com o tema “A História que a Moda Não Conta”, ao lado de quatro professores – dois homens indígenas e duas mulheres negras. A primeira turma teve 50 alunos, e a ideia foi oficializada com a Éwà Poranga.

A marca de roupas agora está em segundo plano. “Ela continua existindo com produção de figurinos em casos específicos. Não vendemos mais para pronta-entrega, mas temos um acervo para aluguel”, diz Vidal. “Prefiro capacitar os alunos que estão se formando na escola e indicá-los para trabalhos.”

Atualmente, a empreendedora também oferece um serviço de educação corporativa, para auxiliar na implementação de políticas de diversidade em empresas.

SUMÁRIO

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2023-03-06T08:00:00.0000000Z

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